segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Prêmio João-de-Barro 1974 - Entrevista com May Shuravel

  Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte (MG) abre inscrições para o Concurso Nacional de Literatura João-de-Barro, que premia obras direcionadas ao público infanto-juvenil. 




  O concurso ocorre todos os anos desde 1974 e contempla obras inéditas de autores brasileiros. Dentre os premiados estão grandes escritores nacionais, como Marcos Araújo Bagno, Fernando Jorge Uchôa e Ângela Lago.     

  Um dos destaques do concurso é a seleção das obras premiadas, feita por dois júris: o adulto, composto por três especialistas, e o infantil, composto por 11 estudantes da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte. No ano passado, a vencedora na Comissão Adulta foi Guiomar e Dagoberto de May Schuravel Berger (São Paulo – SP) e na Comissão Infantil, Vida de Sabiá – O Que Sabiam os Sabiás Além de Assobiar de Henriette Effenberger (Bragança Paulista – SP). 
 
  As inscrições estão abertas até o dia 31 de Outubro. Dúvidas e informações pelo e-mail joaodebarro@pbh.gov.br ou pelo site da prefeitura de Belo Horizonte www.pbh.gov.br/cultura.
 
  A autora May Shuravel, vencedora do prêmio João-de-Barro em 2009, gentilmente nos concedeu entrevista por e-mail, mostrando um pouco mais sobre seu belo e vasto trabalho.
 

Entrevista com  May Shuravel

- Há quanto tempo você se dedica à produção de obras infantis? Escreve para outros públicos também?


O primeiro livro infantil que ilustrei foi “Brincadeiras de anjo”, de Antonio Barreto, autor que ganhou o premio João-de-Barro de 1985. Fiz esse trabalho com bastante receio, o universo infantil era desconhecido para mim, filha caçula de família muito pequena. Sem ao menos um sobrinho ou filho de amigos para me “iluminar”, procurei conhecer o que se fazia na época em matéria de livros para crianças, mas foram as lembranças de minha própria infância as principais referências que usei. Demorei séculos para finalizar o trabalho, tantas eram as dúvidas e indecisões, mas deu tudo certo, acabei ganhando uma menção honrosa do premio Jabuti por ele. E assim continuei ilustrando, e apenas ilustrando, até 1994, quando escrevi meu primeiro livro, “As fadas da areia”, pela editora Àtica. Comecei a ilustrar livros para crianças em 1987. Antes disso, já ilustrava, mas para público adulto. Trabalhei bastante para o saudoso editor Massao Ohno , criando imagens para livros de poesia, e também para algumas revistas e jornais. 

- Você tem outra profissão além de escritora e ilustradora?

Embora eu tenha me formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, nunca exerci a profissão. Durante algum tempo lecionei desenho e design, mas agora apenas escrevo e ilustro livros para crianças.

- Qual a importância das ilustrações em obras direcionadas para o público infantil? Como ela participa da construção da narrativa?


Bem, as imagens são a primeira leitura das crianças, o primeiro código visual que podem compreender, mas acho que o que realmente importa no livro ilustrado infantil é a relação que se estabelece entre imagem e texto, esse diálogo entre linguagens diferentes que vai se completar com o olhar e a percepção do leitor. Uma história contada apenas por palavras terá sua representação imagética formada na mente de cada leitor. Uma narrativa visual, sem palavras, traz sempre um texto “escondido” na sequencia de imagens, texto este que será reinterpretado de tantas maneiras quanto forem seus leitores. No caso do texto ilustrado, as possibilidades se ampliam ainda mais. As duas linguagens se contaminam, se repelem e/ou se atraem, ecoam, se expandem, se modificam, e finalmente se completam com a interferência criativa da leitura.

- Seu livro premiado no concurso João-de-Barro em 2009 é composto por ilustrações? Elas são essenciais para a narrativa?

O concurso João-de-Barro, até sua última edição, em 2009, era apenas para textos, sendo inclusive vetada a inclusão de ilustrações. Ganhei o premio pelo texto, o que muito me alegrou, já que percebo, às vezes, um ligeiro preconceito quanto a “ilustradores que ousam escrever”...Em 2010, o concurso não aconteceu, e agora, em 2011, voltou com muitas e importantes mudanças, não sei se para melhor ou pior. Resta esperar pra ver. E terei mesmo que esperar, no mínimo mais cinco anos, antes de poder participar novamente...

- Qual o enredo da história "Guiomar e Dagoberto"?
 
Guiomar e Dagoberto é a história, contada em rimas, de uma galinha angustiada por não conseguir botar nenhum ovo, e do passeio que ela, o marido e os companheiros do sítio fazem para uma cidade próxima. Uma história com final feliz, tanto para a nervosa galinha como para mim: ela ganhou seu ovo, e eu, um passarinho!

- "Guiomar e Dagoberto" será publicada? Por qual editora? Quais outros trabalhos você tem publicados?
Sim, será publicada pela Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, e os livros serão distribuidos gratuitamente para as crianças das escolas municipais, o que muito me deixa feliz. Estou aguardando a publicação para depois, provavelmente, oferecer a história para alguma editora comercial.
Quanto a outros trabalhos, não sei dizer quantos livros já ilustrei, mas escrevi os seguintes: As fadas da areia(Ática), Pedro e o diabo da Croácia(ática), Areia da grossa, areia da fina, areia me faça ficar pequenina(FTD), O nariz do general(Moderna), Na casa do curinga(Companhia das letrinhas), O papo do sapo(Salamandra), Cadê Maricota(Salamandra), É mentira da barata(Salamandra) e Bruno sem sono(Larousse jr.).
Muito obrigada a vocês, pela oportunidade de dividir a minha experiência com pessoas que gostam da literatura como eu! Um abraço para todos.

Algumas obras e ilustrações da autora:



Grupo 5: Obras Premiadas

Um comentário:

  1. Acabo de receber um e-mail da comissão organizadora do Concurso João-de-Barro informando que neste ano não haverá a Comissão Julgadora Infantil, infelizmente.

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